Come in! You may stay with me!

É um prazer enorme ter alguém compartilhando do que penso e escrevo, como se estivesse, realmente, num "divan". A propósito, esta é a foto do divã usado por Freud, em seu trabalho de psicanálise. Ao deitar-se, sem se distrair com a presença visível do analista, o analisando tem uma experiência emocional diferente, concentrando-se muito mais profundamente.


Quem me seguir, me fará companhia! E é sempre bom ter alguém por perto...

Obrigada! Venha sempre que quiser. Ainda estou começando...

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

LEMBRO-ME AINDA! (revisado, pouco alterado, linhas acrescentadas)

Lembro-me ainda da forma muito própria, quase inusitada,
com que meu pai me amava.
De quando eu, pequenina, era levada ao  seu colo macio,
fazendo-me sentir segura.
Da boneca de louça que me deu, exatamente do meu tamanho,
com pernas e braços que se articulavam. Isso, nos anos 50...
Lembro-me ainda de todo amor e carinho
que me devotava minha querida madrinha Luiza
e das roupas que para mim costurava,
com tamanha perfeição e elegância.
E do hall, muito encerado, de sua casa onde, certa vez,
eu e uma das primas, rodando corrupio, soltamos uma das mãos,
quebrando  seu vaso de planta...  e a cabeça de minha prima!
Lembro-me ainda da meiguice de minha avó Mariana
e de suas habilidosas mãos para cozinhar e fazer crochê.
Lembro-me ainda de meu avô André, autodidata e mãos de artista,
sempre trabalhando com madeira, no cantinho que preparou para isso.
Ou, à noite, quando se sentava próximo ao rádio,
para ouvir e aprender sobre o que se referia a Deus.
Lembro-me ainda que meu tio Olavo dele herdou esse dom,
de fazer,  em madeira,  belos e caprichosos trabalhos.
E suas treliças? Ele mesmo as fazia e eu as amava! Queria tudo em treliças!
Lembro-me ainda do quanto trabalhava o meu avô Bessa,
como se só soubesse fazer isso...
Mas era uma pessoa muito especial! Sinto nunca ter-lhe dito o quanto eu o amava.
Lembro-me ainda de minha avó Albertina, com seus remédios da homeopatia,
e do jeito como me dizia: “Chegou minha neta preferida!”
Lembro-me ainda dos tios Oscar e Nair, ajoelhados,
rezando o rosário, todas as noites.
Da forma como sempre me incluíam junto aos filhos
e com o mesmo amor me tratavam.
Depois de adulta, ainda comigo se preocupavam.
Lembro-me de nossas conversas, sobre religião, política e remédios homeopatas
e,  quando vinham ao Rio, a tia fazia questão de me trazer
o doce de figo que só ela sabia fazer!
Lembro-me ainda de quão inteligente e “teimoso”
era o meu primo Expedito.
Estudar não queria, mas também não precisava!
Lembro-me ainda de como era doce minha prima Angela
e  de como seu rosto se iluminava com o seu sorriso.
Mas isso tudo podia se inverter,  se “lhe pisassem os calos”...
Lembro ainda do Dênis,  de como me amava
e  de quando,  taxiando na pista,
colocou a cabeça para fora do “cockpit” do avião,
só para me acenar, dando adeus!
Lembro-me ainda da colega de magistério, Lucia,
assassinada  por seu ex-noivo, na porta da Escola onde trabalhávamos,
antes de 7h da manhã, horário de entrada do 1º turno.
Bela moça, tão confiante, jamais acreditou que isso pudesse acontecer.
Lembro-me ainda,  e como me lembro,  da atenção desmedida e
por mim recebida de minha amiga Vera Lúcia!
Foi minha fiadora por muitos anos,  até que,  finalmente,
comprei  este  meu apartamento!
E de como apareceu, rapidamente no hospital,
com o marido e o filho médico, assim que eu lhe telefonei,
dizendo que minha filha fora internada na UTI Neonatal.
Correu para lá e comigo ficou, por bastante tempo.
Lembro-me  e lembro muito bem, com muita intensidade ainda
e uma saudade infinda, do que representou em minha vida
a minha mãe querida! Minha heroína, meu maior exemplo
abaixo de Nossa Senhora, pessoa que comigo sabia lidar,
estivesse eu com o humor que fosse.
Ela sempre tinha a palavra certa pra me acalmar,
pra me despreocupar, pra me alegrar...
Quando de todo não sabia o que dizer, comentava então:
“Isso é só uma fase. Vai passar. De hora em hora, Deus melhora.”
Já doente, ainda se dispunha a me ajudar com a depressão.
Chamava-me para deitar a seu lado, dizia-me que eu era um anjo,
pelos cuidados que lhe dispensava, queria beijar-me as mãos,
mas eu não permitia. Nunca fiz por ela nem um pequeno percentual,
comparado a tudo que fez por mim, por meu pai e por minha filha.
Que ela saiba e tenha certeza do meu imenso e eterno amor.
Que Deus a tenha levado pra bem juntinho de Si.
Lembro-me ainda de muitos e muitos – parentes e amigos –
que se foram, deixando suas marcas em nossas vidas e,
mais  ainda, em nossos corações!
Que a luz de Deus os esteja  iluminando, sempre mais!!








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