Come in! You may stay with me!

É um prazer enorme ter alguém compartilhando do que penso e escrevo, como se estivesse, realmente, num "divan". A propósito, esta é a foto do divã usado por Freud, em seu trabalho de psicanálise. Ao deitar-se, sem se distrair com a presença visível do analista, o analisando tem uma experiência emocional diferente, concentrando-se muito mais profundamente.


Quem me seguir, me fará companhia! E é sempre bom ter alguém por perto...

Obrigada! Venha sempre que quiser. Ainda estou começando...

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Convite


É a terceira vez que venho postar esse CONVITE. Desculpem-me pela insistência, mas é que não tive êxito, nas duas vezes anteriores.

Um convite a VOCÊ, que chega até o meu blog, escolhe um texto e lê esse texto escolhido, tendo a seu respeito uma opinião, seja boa ou não.

VOCÊ que, estando onde estiver, em qualquer Estado do nosso Brasil, ou fora dele, como na Rússia, na Alemanha, ou nos Estados Unidos, mas que ainda assim, de alguma maneira, acessou o meu blog e leu um dos meus textos. Por favor, procure deixar a sua opinião, identifique-se, diga quem você é e como chegou até mim. Tenho muita curiosidade em saber que pessoas estão me “ouvindo”, quando estou no meu “divan”. Quem são essas pessoas que, de alguma forma, acabam por conhecer as minhas experiências, a minha vivência?

As estatísticas do Blogspot afirmam que meus textos estão sendo visualizados e informam os lugares e a origem dessas visualizações, os sites de referência.

O objetivo desse CONVITE é o mesmo dos anteriores: conhecer aqueles que dividem comigo esse “divan”. É incentivá-los a deixar seu comentário, ainda que seja uma crítica. É conhecer sua opinião a respeito do que venho escrevendo, se tem sido agradável de ler, ou não; se esses leitores, com experiências tão diversas das minhas, gostam do que escrevo. Afinal, é uma coisa nova que venho fazendo e gostaria muito de saber se está valendo a pena!

VOCÊ poderia, por favor, responder ao meu CONVITE?

Saibam VOCÊS, que acolherem ao meu CONVITE, que lhes fico muito agradecida!

Maria Bessa

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Amores


Sinto-me um tanto inclinada a justificar minha vivência, com todos esses amores que, ora chamo de presente-da-vida, ora digo que são sazonais, dependendo do quanto duraram. Mas o que os faz tão importantes para mim é o que cada um deles acrescentou, o que cada um soube me ensinar, soube me dar em alegria, cumplicidade, prazer, felicidade e cada um deles é insubstituível, a seu modo. São as individualidades! Na verdade, escrevo como se estivesse conversando com um Psicanalista. Só que ele, embora me analise, não irá me julgar. Pode acontecer de alguém, dentre os que leem os meus textos, ficar tentado a me julgar. Pois que me julgue como uma mulher que foi feliz da maneira como conseguiu, da forma como encontrou, do jeito que a vida se lhe apresentou, indicando o momento e a pessoa. De um modo geral, não, na verdade todos eles me encontraram. Não foi eu quem saiu e os procurou. Não aconteceu, em nenhum momento, d’eu estar num bar, ou numa boate... Procure observar, você que está querendo me julgar, como em cada um de meus relacionamentos, foi o meu par quem me escolheu, foi o meu par quem me achou. Eu só não deixei passar a oportunidade de ser feliz. Felicidade para mim é isso: um patchwork, reunindo vários momentos em que se conviveu com a felicidade. E é claro que não me refiro somente à vida a dois! Meu maior momento de felicidade foi segurar minha filha em meus braços! Assim como este, houve outros momentos, muitos deles em família!

Aqui, o que estou tentando é colocar para vocês que todos os amores que fizeram parte de minha vivência como mulher são de grande importância nesse enorme contexto que é a vida! Acaso, se não me amaram, pelo menos fizeram com que eu me sentisse amada. Souberam demonstrar o quanto desejavam dar continuidade ao que se tinha iniciado e só me trouxeram momentos muitíssimo agradáveis, sem nenhum pranto e muito riso! Os rompimentos? Assim como a vida os colocou em meu caminho, ela soube como os afastar, sem desentendimentos, nem sofrimentos, nem sentimentos negativos. Bem, sofrimento a vida me trouxe sim, quando me afastou do Comandante. Acho que foi o único afastamento em que ela se equivocou. Mas estava escrito...

A todos esses amores, cujas lembranças, muitas vezes, me ajudaram a seguir pela vida afora, ou ainda me fazem experimentar mais um pouco de alegria, de felicidade, e que deixaram saudades, o meu reconhecimento e os meus agradecimentos!

E, como soube imortalizar o sentimento ocorrido nessas ocasiões o nosso inesquecível poeta Vinícius de Moraes, vou deixar aqui transcrito um trecho seu que é muito apropriado:

“E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor que tive:

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.”

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A Viagem (3ª parte)


Sim, o que eu poderia fazer naquele momento? Como ajudá-lo, de que forma eu o atenderia, como estar a seu lado, colocando em prática aquele sonho? Por mais que eu pensasse a respeito, nada me ocorria. Cheguei a conversar com meus pais, mas também se assustaram um pouco e acabamos não encontrando nenhuma solução. Como ele só aceitaria o baseamento que, se não me engano seria por 2 anos, se eu também fosse, ele acabou optando por não ir e continuou baseado no Rio.

Depois disso, o nosso relacionamento teve uma sensível mudança. Ele entendeu que seria melhor para nós ambos, se continuássemos como amigos, sempre por perto um do outro, mas aguardando que eu resolvesse a minha vida em geral, de uma forma definitiva. Eu compreendi, perfeitamente. De que adiantava ele encontrar uma saída, se eu não pudesse acompanhá-lo? Seguimos com nossas vidas. Ele viajando, mas sempre me escrevendo e telefonando. Embora eu trabalhasse, costumava fazer pequenas viagens, com meus pais, ao interior de Minas, mas ainda que eu estivesse em Lambari, Caxambu, onde fosse, eu recebia suas cartas. Mas ele se queixava de não poder me ligar, quando eu estava fora.

Num determinado momento, sua ex-mulher apareceu e, não me lembro se de forma legal, ou não, acabou por levar consigo as crianças, para a Europa. Ele se abateu demais com o acontecido. Sentiu-se traído e muito mais sozinho. Preocupava-se com os filhos e sofria muito.

Não me recordo com plena certeza, mas creio que foi em Dezembro de 82, quando fomos a Minas, por ocasião do aniversário de minha mãe. No caminho de volta dessa viagem, eu fui direto à casa de uma amiga para apanhar uma encomenda que ela trouxera de fora para mim. Por uma dessas coincidências inexplicáveis, lá estava uma pessoa de Teresópolis, a quem eu havia sido apresentada pelo próprio Denis. E ele fez o seguinte comentário: “Que coisa horrível que aconteceu com o Comandante!” E eu, sem saber de nada, acabando de chegar ao Rio, perguntei: “O que aconteceu com o Comandante?” E a resposta pareceu-me um punhal, muito afiado, que se cravava em mim: “Você não soube? O Comandante sofreu um mal súbito e faleceu!”

Só me lembro de ter entrado em meu carro, onde meus pais me aguardavam, num choro convulsivo e repetindo: “Eu tive parte da culpa! Foi por minha culpa!” Tentei relatar-lhes, da forma como pude, o que eu acabara de ouvir. Meu pai tentava me acalmar, dizendo que não havia culpados, mas me doía demais! Ele não queria que eu dirigisse naquele estado e eu só queria chegar em casa, o mais depressa possível, e poder ligar para suas irmãs. Quem sabe essa pessoa se enganara? Quem sabe ele ainda estivesse hospitalizado? Tantas possibilidades me vinham à cabeça e eu não conseguia parar de chorar. E o pior é que quando chegamos, já era muito tarde e meus pais não me permitiram ligar. Aconselharam-me a fazê-lo, na manhã seguinte. Eu nem me lembro como passei aquela noite... Pela manhã, foi a primeira coisa que eu fiz. Liguei e, infelizmente, fiquei sabendo que eu perdera até mesmo a missa de 7º dia! Fui até lá, fiquei com sua mãe e irmãs por algum tempo, conversamos bastante e então eu soube que nem mesmo elas estavam aqui, quando ele se sentiu mal. Suas irmãs estavam nos Estados Unidos, para uma série de exames e confirmação de determinado diagnóstico dado àquela, a segunda que eu conheci. E ele entendeu que, mais cedo, ou mais tarde, sofreria outra perda e não resistiu. Foi tudo muito rápido!

Na realidade, foi o que aconteceu. Depois de uma extensa e dolorosa doença, sua irmã veio a falecer. Aquela adorável senhora perdera dois filhos, num curto espaço de tempo!

Pobre amigo! Pobre amor! Sua saúde não resistiu a tantos sofrimentos. Era uma pessoa sensível. Gostava de estar sempre perto dos familiares. Era um pouco retraído, triste e sua alegria era pilotar. Depois do afastamento dos filhos, que ainda não haviam regressado quando ele se foi, sua tristeza era bem mais visível. E no entanto, o que ele queria? Somente reconstruir sua família. Numa de suas cartas, ele me escreveu: “Escolha a casa e o bairro onde quer morar e vamos ser felizes!” Agora, isso me parece tão pouco...

Nenhum de meus relacionamentos jamais terminou de uma forma tão brutal, tão sem sentido e me causando tanta culpa, tanta dor! E a imagem que dele se eternizou para mim foi aquela, no aeroporto, numa época em que ele se sentia cheio de esperanças e, quando taxiando na pista me avistou no terraço panorâmico, não hesitou em abrir a janela do cockpit do avião que pilotava, colocou seu tronco para fora e, me acenando amplamente com seu braço esquerdo, gritava: “EU TE AMO! EU TE AMO!!”

Comandante Master (2ª parte)


Realmente, era necessário dividir essa minha história, até por que ela mesma não se deu de uma maneira ininterrupta. Como havia aquela pessoa que não admitia que eu saísse de sua vida, embora fosse o que eu vinha tentando e o que eu mais queria, qualquer outro relacionamento que eu tentasse não implicava numa total doação de minha parte. Tratava-se de uma pessoa difícil, e com certa posição e prestígio, podendo se utilizar disso para fazer o bem... e o mal. Eu sofria diversas ameaças e, tolamente, me amedrontava. Além disso, eu tinha muito mais liberdade se não ficasse repetindo a respeito dessa idéia de que me afastaria, definitivamente. Na verdade, eu era obrigada a fazer um jogo, para viver e conhecer um certo tipo de felicidade. Só que, se alguém se interessasse por mim, o meu jogo era aberto com quem se aproximasse. Jamais escondi a existência dessa pessoa que, inicialmente, mexeu muito com os meus sentimentos, a ponto de me fazer terminar meu noivado. Mas, como já mencionei em outros textos, não demorei nada para me dar conta de que eu errara, e muito, na avaliação inicial. Tratava-se, só muito mais tarde eu vim a confirmar, de uma pessoa mentalmente doente e eu buscava administrar a minha vida, sem jamais ter escondido de outro, que se propusesse a dividir comigo momentos felizes, a real confusão em que eu vivia. Havia, em sua carreira profissional, algo que ele queria muito e eu também trabalhava para que isso acontecesse, por que eu entendia que dessa forma, eu teria a minha alforria. Mas essa é uma outra história...

Meu relacionamento com o Denis teve início em novembro de 80. E nossa correspondência se manteve até novembro de 82. Ainda guardo suas cartas e os postais que me enviava, enquanto viajava. Era um excelente Comandante e foi escolhido por uma comitiva de políticos de São Paulo, em meados de 81, para pilotar sempre que eles viajassem e foi, também, quem pilotou o avião que conduzia a Seleção Brasileira, em 82, para onde ela fosse.

Posso dizer que, passado aquele início descrito em texto anterior, se seguiu uma outra fase, onde eu ia a Teresópolis, com minha mãe algumas das vezes, e convivi com seus filhos e sua adorável mãe. Tratava-me como a uma filha. Quando eu dormia lá, na manhã seguinte, me acordava com uma bandeja de café da manhã em suas mãos, muito bem posta e com uma variedade de coisas gostosas. Isso chegava a me causar um certo constrangimento, mas sei que ela o fazia com muito gosto. Passeávamos com as crianças e almoçávamos fora. Lembro-me de que seu restaurante favorito era o do Hotel Alpina, lá mesmo, em Teresópolis. Ainda guardo as poucas fotos que tirei num desses passeios com as crianças. Elas, mais a menina, tinham um olhar muito triste. O menino, bem mais novo, ainda não falava direito, era mais sapeca e risonho, como se tivesse sido menos atingido pelas desavenças entre os pais. Ela não! Era maiorzinha, retraída, falava baixinho. Era lourinha, de cabelos abaixo dos ombros. Ele, embora com os cabelos claros e olhos azuis, tinha a tez morena, como o pai. Mas se davam bem comigo. Ela, principalmente. Havia uma certa carência que eu procurava preencher com minha atenção e carinho. Eu comecei minha carreira profissional como professora primária e lidar com crianças era uma tarefa muito agradável para mim. Nos dias em que eu ficava para dormir, à noite, ele acendia a lareira e nós nos acomodávamos ali, aproveitando aquele calor gostoso, enquanto saboreávamos um delicioso vinho tinto. Natural do sul do país, ele entendia bastante sobre essa matéria.

O tempo foi passando. Ele se aborrecia com a ex-mulher, falava que ela o “chantageava”, mas nunca lhe perguntei a que se referia, exatamente. Eu via que ele sofria, porque amou muito a mãe de seus filhos. Por outro lado, ele gostaria que eu me definisse, em relação à minha vida em geral, principalmente àquela falta de liberdade por que eu vinha passando, sem estar casada, sem um compromisso maior. Quem estava de fora sempre achava que não era uma coisa tão complexa. Mas só eu sabia... Em suas cartas, falava, repetidas vezes, em liberdade para nós ambos. Ele, porque ainda sofria e achava que isso era uma prova de que não conseguira romper todos os vínculos com sua ex. Quanto a mim, minha falta de liberdade era gritante e eu tinha que saber lidar com tudo aquilo e ficar com a melhor parte.

Quando chegou o tempo em que se sentiu liberto, ele passou a cobrar de mim que eu gozasse dessa mesma liberdade. Mas eu não via como. A não ser, dando tempo ao tempo. Ele se dispunha a esperar o quanto fosse necessário, desde que eu não me afastasse. Não me pressionava, mas me mostrava alguns caminhos. Uma noite, ele me ligou, pedindo que o encontrasse em casa de uma de suas irmãs, aqui mesmo, no Rio . Disse que precisava falar comigo com uma certa urgência. Eu fui, naquela mesma noite. Lembro-me como se tivesse sido ontem! Quando eu cheguei, ele estava sentado no jardim. E antes que eu entrasse para cumprimentar as demais pessoas, ele me pediu que o ouvisse. Ele iria me apresentar uma proposta que entendia como sendo a melhor para nós todos, mas precisava de uma resposta naquela mesma noite. Havia uma possibilidade dele ficar baseado em Los Angeles e ele queria aceitar essa oportunidade, desde que eu e as crianças fôssemos com ele. E aí? Fugindo, eu teria a minha alforria, mas e as demais obrigações que me prendiam ao Rio? Filha única. Como deixar os meus pais? Meu pai ainda trabalhava no serviço público. E meus cargos? Eu acumulava dois cargos, também no serviço público e, dificilmente, conseguiria uma licença sem vencimentos. Era um momento em que não estavam deferindo nem mesmo licença prêmio! E como dizer tudo isso e fazê-lo compreender? Eu coloquei para ele todas as minhas preocupações e, ainda mais com a pressa necessária para que isso fosse resolvido, a resposta só poderia ser um não! Ele ficou visivelmente frustrado! E eu, absolutamente contristada! Falamos mais um pouco a esse respeito e, a seguir, eu entrei para estar com sua família. Logo que deu, uma de suas irmãs me perguntou qual havia sido a minha resposta à proposta apresentada. Expliquei-lhe, rapidamente, que eu não tinha como concordar, embora entendesse todas as suas razões. Perguntei-lhe se eu a decepcionara com a minha atitude e ela me respondeu que decepcionada ficaria, se a resposta fosse outra. Que ela não esperava de mim outro comportamento e que isso só vinha comprovar o que ela pensava a meu respeito. Agradeci-lhe imensamente o apoio, mas procurei deixar bem clara a minha preocupação com ele. Eu sugeri que ele aceitasse a oportunidade que se lhe apresentava e fosse sozinho. Uma outra opção, levando sua mãe e as crianças. Mas ele queria uma família e insistia em me levar!

O que eu poderia fazer para ajudá-lo, naquele momento?

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Carta a um amor perdido


Ah, se eu soubesse que você se deixaria destruir a tal ponto!

Eu não soube avaliar que poderia, realmente, ter feito diferença em sua vida...

E acabei por subestimar a mim mesma e,

junto, não soube dar o merecido valor ao nosso sentimento!

Por que, ao menos, eu não tentei?

Por que não me deixei levar pelos seus sonhos?

Mas não, eu tinha que ter os pés fincados no chão

e procurar ser “mais realista que o rei”...

Não precisava ter sido daquele jeito, ter acabado daquela forma!

Mas é que você acreditou, fez planos, esteve feliz, antecipadamente!

E eu, desconfiada, não soube ver além da realidade mesquinha e segura em que eu vivia.

Eu não soube sonhar junto com você.

E o que fiz com os seus planos?

E os destruí, como destruí todas as nossas chances juntos.

Ao menos, se eu tivesse seguido o caminho certo,

aquele que me levaria à felicidade...

Mas não, eu segui apenas o caminho que a vida parecia me apontar,

que estava ali, à minha frente, que poderia ser o mais cômodo.

Mas foi o caminho errado, cheio de desilusões, enganos, traições.

Tristezas, humilhações, sofrimento infindo...

E você, com seu jeito manso de ser, deixou que eu me fosse...

Acho que nunca soube o quanto fui infeliz,

o quanto me arrependi! Ai, como eu me arrependi!

E depois doía tanto em mim ter feito aquela opção.

Doeu mais ainda quando eu soube de você!

Por que você não me procurou, novamente?

Por que não tentou me mostrar o quanto eu estava sendo enganada pela vida?

E depois, eu tive que seguir, até onde consegui...

Foi muito tempo.

Foi muito chão daquele caminho.

Mas a culpa foi minha companheira por quase toda a jornada!

E as lembranças, o meu consolo.

Já fazia tanto tempo, mas ainda assim, a culpa e as lembranças continuavam

caminhando ao meu lado, como se me obrigassem a admitir

o quão errada eu estive, naquela época.

Outras chances eu também perdi, por covardia, por medo,

por não ter força suficiente para lutar e deixar de lado aquele fardo,

pesado, incômodo, que levei por sobre os meus ombros vida afora.

Mas saiba você, e eu acho que você já sabe,

que num dado momento, não sei como,

talvez o cansaço se tenha transformado em força, em certeza,

em verdade absoluta, e eu lutei. Lutei e venci!

E pude seguir por um outro caminho!

Agora, tantos anos depois, a saudade insiste em seguir comigo,

sempre comigo, como se quisesse me torturar

pelos erros que cometi!

Por não tê-lo ouvido,

por não ter acreditado que talvez você estivesse certo

e que os seus planos eram os melhores para as nossas vidas;

por não entender que o risco se fazia necessário naquele momento

para que pudéssemos alcançar o nirvana, logo a seguir!

E agora, o que eu faço com a saudade?

Ah, se eu soubesse...


P.S.: Não era para ser assim. Ter você num dado momento, conhecer seu amor, me saber amada... mas acabar ficando com a vida inteira para me arrepender e sentir saudade!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

No Aeroporto Internacional (1ª parte)


No texto que escrevi e postei no último dia 2, Dia de Finados, eu falava de umas poucas pessoas, dentre as inúmeras que participaram do que vivi em dados momentos, deixando marcas em minha mente e em meu coração. Em “Lembro-me ainda...”, mencionei o fato de como o Denis colocou sua cabeça para fora do cockpit do avião, para me acenar com um adeus. Hoje, escolhi falar de mais este amor-presente, mais um amor sazonal que, sem dúvida, serviu como todos os demais para muitas alegrias e especiais experiências mas, principalmente, preencheram minha modesta vida com ricas lembranças, para todo sempre. Que Deus não permita que eu sofra de nenhuma dessas doenças senis que nos roubam a recordação de fatos que, como num patchwork, são pedaços do que vivemos, porque, com certeza, tais recordações fazem com que eu me mantenha viva e feliz!

Terminado o meu noivado e tendo a oportunidade de conhecer melhor aquele pelo qual meus sentimentos se confundiram, logo, logo pude ter a certeza de que nada seria como o imaginado e, posteriormente, prometido. Era 12 anos mais velho que eu, mas o que me preocupou de imediato foi seu jeito instável de ser, sua forma autoritária de exigir e conduzir o que ia a seu redor. Quis voltar atrás e não tive como. Com ele, tudo era visto sob outra ótica. Imaginem se eu iria decidir que queria me afastar? Dizia que isso não era uma decisão unilateral e, como ele discordava, eu deveria esquecer-me dessa idéia. Nesse tempo, eu trabalhava e estudava, o que me permitia jogar com as atividades e o tempo, a fim de não vê-lo, ou vê-lo menos. Um dia, minha mãe me mostrou um anúncio de seleção para uma nova turma de Comissárias de Bordo que a Vasp queria formar. A primeira com base no Rio de Janeiro e preparada, também, aqui. Havia um certo glamour em torno dessa profissão e eu havia mencionado, certa vez, que se tivesse oportunidade iria experimentar. Por isso mamãe me apresentou aquele recorte, com tal notícia. Achei que ali estava a oportunidade de me afastar daquele homem que, em nada, se assemelhava ao que frequentava a minha casa, anos atrás. Eu estava sempre em fuga, digamos assim. E meus amores sazonais aconteciam nesses períodos. Lembram-se? “A reason or a season.” Bem, uma vez inscrita e tendo passado pela seleção, consegui uma licença sem vencimentos no serviço público e dei início a uma meteórica carreira na aviação. Não tendo correspondido em nada às minhas expectativas, a não ser financeiramente, eu fui a 1ª da turma a pedir demissão e voltei ao serviço público. Mas fiz amizades e, na noite em que eu conheci o Denis, eu estava indo para São Paulo, pra casa de uma amiga, para participar do encontro desta turma de Comissárias. Isso foi no início dos anos 80. Estávamos no Aeroporto Internacional. Os vôos, sempre atrasados por causa das condições climáticas, e e eu aguardando, enquanto lia um livro. Na primeira oportunidade, ele me perguntou para onde eu iria e, indicando sua irmã a seu lado, comentou que estava lhe fazendo companhia e que ela aguardava um vôo para o nordeste, onde encontraria seu marido, que estava a trabalho, para passar com ele o seu aniversário. Isso quer dizer que estávamos em novembro, porque se não me falha a memória, é quando ela aniversaria. Conversamos um pouco, os três, até o chamado para os vôos, quando nos despedimos e ele me pediu o nº do meu telefone. Não neguei. Segui para a minha aeronave que iria me deixar em Viracopos, ao invés de ser no Aeroporto de Congonhas, como eu esperava. Ainda consegui dividir um táxi com uma outra pessoa, chegando já de madrugada, na casa de minha amiga. Bem, tivemos um final de semana extremamente movimentado e agradável, até que chegou a hora de voltar. Já estando no Rio, um ou dois dias depois, recebi um telefonema do Denis me convidando para jantar com ele e com sua outra irmã, em casa desta, já que a primeira ainda não havia voltado. Não vi mal algum, uma vez que estaria em família. E foi mesmo desse jeito. Conheci sua irmã e suas sobrinhas, filhas de ambas. Uma tinha duas e a outra tinha três. Todas meninas e lindas. Tipos físicos diferentes. Esta sua irmã era mais doce e simpática que a outra. Sua casa era muito bem decorada e acolhedora. Senti-me bem-vinda! Correu tudo bem e, após o jantar, conversamos bastante e foi então que eu soube um pouco mais a seu respeito. No aeroporto, ele já me tinha dito que era separado e que trabalhava na Varig, onde era Comandante Master. Nesta conversa após o jantar, contou-me que se casara com uma moça natural da Rússia e que tinham tido um casal de filhos. Mas não tinha dado certo e, mesmo depois de já terem optado pela separação, um belo dia, ela simplesmente deixou o casal de filhos com uma babá e foi embora. Eles moravam em Teresópolis e as irmãs, na Ilha do Governador, onde tinham um Jardim de Infância. Quando isso aconteceu, ele voltava de uma viagem e estava no Rio. Um de seus vizinhos de lá telefonou para suas irmãs aqui, contando que as crianças estavam, praticamente, abandonadas. A primeira atitude foi buscá-las e acomodá-las,por um breve tempo, junto às tias. Mas ele achou melhor trazer sua mãe, que morava no sul, para se estabelecer com ele e os netos, na tal casa de Teresópolis. Eu sempre evito mencionar os nomes para garantir a privacidade das pessoas. Só mesmo o nome do Denis, que está em outro plano, que me sinto à vontade de mencionar. Ele tinha um acento bem sulista e um jeito de ser bem direto. Disse-me que tinha se interessado por mim e que, depois do que passou, era a primeira vez que isso acontecia e gostaria de saber se poderíamos dar início a um namoro, para que pudéssemos nos conhecer melhor, porque sua maior vontade era reconstruir o seu lar desfeito. Confesso que me assustei um pouco, mas achei que “muita água ainda iria rolar por baixo dessa ponte” e concordei. Ele era um homem muito educado, carente, gostava de contar sobre suas viagens e os lugares que conheceu, mas era bem triste. Muito mais tarde é que fui conhecer um sorriso seu! Ele foi o meu primeiro amor-presente-da-vida. Tantas coisas aconteceram e, para começar, não me lembro como, ele quebrou uma das pernas e, licenciado, acomodou-se na casa de uma das irmãs, o que me permitia vê-lo, com frequência. E eu o fazia. Todo meu tempo vago eu o passava na Ilha, ao seu lado , só regressando para casa, já no fim da noite. Bem, o fato é que terei muito a contar sobre esse relacionamento e seria oportuno dividi-lo em duas partes.

Enquanto ele ia se curando, nós íamos nos conhecendo e nos querendo bem. E da maneira intensa como eu frequentava a casa de uma de suas irmãs, a amizade entre todas nós, incluindo as meninas, foi acontecendo, naturalmente. Eu gostava de levar para elas uns livros lindos, que ainda tenho até hoje. O título de um deles é “Qual a cor do amor?”. As ilustrações eram uma graça e eles, de fácil e rápida leitura. Eram pequenos, com poucos textos, mas com grandes lições. As casas das duas irmãs eram bem próximas, isso é, indo de carro. E eu, às vezes, participava até mesmo de algumas de suas programações. Elas me contavam como conheceram seus maridos e falavam-me sobre suas famílias mas, sempre davam um jeitinho de me perguntar, como eu estava me sentindo em relação ao irmão. Eu me sentia bem. Tudo aquilo, para mim, era uma coisa só. Eu convivia com uma bela família e eu, como filha única, estava me sentindo como que num oásis. Na verdade, eu queria bem a todos eles. Começando por ele, é claro. Mas eu iria viver num outro mundo. Eu, ele e suas crianças que a essa altura, eu havia visto e convivido muito pouco, já que moravam, na verdade, em Teresópolis.

Já recuperado e tendo voltado ao trabalho, eu o levei até o Aeroporto. Ele já sorria e parecia tão feliz! Tão feliz a ponto de, neste dia em que o levei, ao taxiar na pista e me vendo no terraço panorâmico que, naquele tempo não era coberto, ele abriu a janela do cockpit e por ela passou todo o tronco para me acenar, amplamente, e gritar que me amava!

Este foi, sem dúvida, o primeiro amor-presente que a vida me deu!

domingo, 6 de novembro de 2011

Convite


Há algum tempo atrás, eu fiz a todos um CONVITE!

Era idêntico a este, já que com o mesmo objetivo.

Só que, infelizmente, não me trouxe nenhum resultado.

Resolvi insistir e estou reiterando o CONVITE feito, anteriormente!

As estatísticas do Blogspot afirmam que meus textos estão sendo visualizados e

informam os lugares e a origem das visualizações.

Eu entendo que esta visualização seja a leitura de um dos textos.

Só que ninguém "comentou", ou se apresentou como“seguidor”,

a não ser pessoas do meu círculo social.

E eu me pergunto:

Quem visualiza, chega realmente a ler?

Meus textos estariam sendo do agrado de um possível leitor?

Pois então, é este o convite que estou reiterando,

aos que chegarem até o “Maria no Divã”.

Fiquem à vontade e leiam o que quiserem.

Mas, por gentileza, eu lhes peço, deixem um comentário.

Está sendo uma nova experiência para mim

e, por isso mesmo, é muito importante saber a opinião dos prováveis leitores.

Aos que acolherem a este convite, saibam que lhes fico muito agradecida!

Maria Bessa

Festivais de Canções


Podem até chamar de saudosismo, nostalgia,

afirmar que velha estou ficando,

mas sinto enorme vazio de poesia

nas músicas de hoje em dia.

A segunda metade da década de 60

foi marcada por vários acontecimentos

de grande importância política e social.

E a mais intensa forma de expressão

foi a da poesia, mais ainda a musical.

Cantava-se muito e, com as canções,

muito se dizia e muito se aprendia.

Os Festivais da Canção vieram com força

e só acrescentaram à nossa cultura.

A cada ano, era como se os compositores

mais se esmerassem, mais caprichassem,

na tentativa de alcançar o primeiro lugar.

Mas... que primeiro lugar?

O do júri? Ou o do público?

O povo por tensões passava

e as músicas, sem dúvida, eram a sua compensação.

Quem não se lembra de que Chico

estava à toa na vida, até que seu amor o chamou

pra ver a banda passar, cantando coisas de amor?

Mas ao saber que sua Banda alcançara o 1º lugar,

foi, em prantos, ao júri suplicar

que o fizesse empatar

com a composição que ficara em 2º lugar.

“A Disparada”, de Geraldo Vandré,

que comparava a vida do gado

com a vida que a gente levava

foi, pelo próprio Chico, melhor considerada.

E assim se deu um empate,

o único dos Festivais.

Quem não se lembra de “Ponteio”,

“Roda Viva” e de “Alegria, Alegria”, de Caetano?

E Elis, cantando “Arrastão”, enquanto balançava os braços,

num movimento de subida e descida,

quem não se lembra?

E de Sérgio Ricardo, perdendo o autocontrole

e arremessando seu violão por sobre a platéia?

Apesar disso, ali estava a cultura,

uma cultura popular que se estendia pelo país

para ser popular brasileira.

Nascia uma nova safra

de compositores e intérpretes

que não se importava tanto

com o momento político que vivíamos,

mas com o surgimento de uma nova geração

e de um momento ímpar na nossa canção,

o da “música popular brasileira”,

com um estilo próprio que, indo além do regional,

fazia sucesso em toda nação!

E faziam mesmo grande sucesso

as canções dos Festivais!

O de 67, também televisado,

foi parar no Guinness Book,

pelo Ibope alcançado e,

dizem, nunca mais superado...

“Sabiá”, “Travessia”, “Andança”,

“Margarida”, “Carolina” e “Luciana”,

“O Sonho”, “Feira Moderna”, “Cantador”,

“Casa no Campo”, “Universo no Teu Corpo”

e “O Amor é o meu País”, de Ivan Lins,

são algumas das inúmeras músicas

que se fizeram conhecer

apenas por participar

dos nossos Festivais!

Em 66, os Beatles se apresentavam juntos,

pela última vez!

Ainda em 66, um Marechal foi eleito

Presidente do Brasil, pelo Congresso Nacional.

Em 68, o Congresso Nacional foi fechado,

depois de publicado o que se tornaria mais famoso

que os festivais: o AI 5 – Ato Institucional nº 5,

quando alguns compositores desta safra

tiveram que buscar o exílio.

Também em 68, o Cirurgião Zerbini e sua equipe

realizavam, em São Paulo,

o primeiro transplante cardíaco da América Latina!

E os Festivais sobreviviam, tornaram-se Internacionais,

durante a década de 70.

E nós continuávamos com a nossa música e o seu crescimento:

Tropicalismo, MPB, Bossa Nova e Jovem Guarda.

Tudo tão melhor do que um Rock in Rio!

Tudo tão nacional, no exato período em que disso precisávamos!

Eu lamento pelos que não conheceram esta época da nossa música,

até porque, muitos de vocês, ainda estavam por chegar aqui.

Mas eu... eu estava lá, todo tempo

e é por isso que sinto tanta falta!

Hoje, vejo determinadas classes sociais

cantando só músicas internacionais,

para evitar o funk, axé, pagode e sertanejo

que, não tendo caído no gosto nacional,

podem ser considerados ainda regionais.

Sem mencionar a falta de poesia,

o que tanto existia na época dos Festivais!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lembro-me ainda ...


Lembro-me ainda da forma muito própria, quase inusitada,

com que meu pai me amava.

De quando eu, pequenina, era levada ao seu colo macio,

fazendo-me sentir segura.

Da boneca de louça que me deu, exatamente do meu tamanho,

com pernas e braços que se articulavam. Isso, nos anos 50...

Lembro-me ainda de todo amor e carinho

que me devotava minha querida madrinha Luiza.

E das roupas, que para mim costurava,

com tamanha perfeição e elegância.

E do hall, muito encerrado, de sua casa onde, certa vez,

eu e uma das primas, rodando corrupio, soltamos uma das mãos,

quebrando seu vaso de planta... e a cabeça de minha prima!

Lembro-me ainda da meiguice de minha avó Mariana

e de suas habilidosas mãos para cozinhar e fazer crochê.

Lembro-me ainda de meu avô André, autodidata e mãos de artista,

sempre trabalhando com madeira, no cantinho que preparou para isso.

Ou, à noite, quando se sentava próximo ao rádio,

para ouvir e aprender sobre o que se referia a Deus.

Lembro-me ainda que meu tio Olavo dele herdou esse dom,

de fazer, em madeira, belos e caprichosos trabalhos.

E suas treliças? Ele mesmo as fazia e eu amava! Queria tudo em treliças!

Lembro-me ainda do quanto trabalhava o meu avô Bessa,

como se só soubesse fazer isso...

Mas era uma pessoa muito especial!

Lembro-me ainda de minha avó Albertina, com seus remédios da homeopatia,

e do jeito como me dizia: “Chegou minha neta preferida!”

Lembro-me ainda dos tios Oscar e Nair, ajoelhados,

rezando o rosário, todas as noites.

Da forma como sempre me incluíam junto aos filhos

e com o mesmo amor me tratavam.

Depois de adulta, ainda comigo se preocupavam.

Lembro-me de nossas conversas, sobre religião, política e remédios homeopatas,

e, quando vinham ao Rio, a tia fazia questão de me trazer

o doce de figo que só ela sabia fazer!

Lembro-me ainda de quão inteligente e “teimoso”

era o meu primo Expedito.

Lembro-me ainda de como era doce minha prima Angela

e de como seu rosto se iluminava com o seu sorriso.

Mas isso tudo podia se inverter, se “lhe pisassem os calos”...

Lembro-me ainda do Denis, de como me amava

e de quando, taxiando na pista,

colocou a cabeça para fora do “cockpit” do avião,

só para me acenar, dando adeus!

Lembro-me ainda da colega de magistério, Lucia,

assassinada por seu ex-noivo, na porta da Escola onde trabalhávamos,

antes de 7h da manhã, horário de entrada do 1º turno.

Bela moça, tão confiante, jamais acreditou que isso pudesse acontecer.

Lembro-me ainda, e como me lembro, da atenção desmedida e

por mim recebida de minha amiga Vera Lúcia Pimentel!

Foi minha fiadora, por muitos anos, até que, finalmente,

comprei este meu apartamento!

E de como apareceu, rapidamente no hospital,

com o marido e filho médico, assim que eu lhe telefonei,

dizendo que minha filha fora internada na UTI Neonatal.

Correu para lá e comigo ficou, por bastante tempo.

Lembro-me ainda de muitos e muitos – parentes e amigos –

que se foram, deixando suas marcas em nossas vidas e,

mais ainda, em nossos corações!

Que a luz de Deus os esteja iluminando, sempre!!