Come in! You may stay with me!

É um prazer enorme ter alguém compartilhando do que penso e escrevo, como se estivesse, realmente, num "divan". A propósito, esta é a foto do divã usado por Freud, em seu trabalho de psicanálise. Ao deitar-se, sem se distrair com a presença visível do analista, o analisando tem uma experiência emocional diferente, concentrando-se muito mais profundamente.


Quem me seguir, me fará companhia! E é sempre bom ter alguém por perto...

Obrigada! Venha sempre que quiser. Ainda estou começando...

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lembro-me ainda ...


Lembro-me ainda da forma muito própria, quase inusitada,

com que meu pai me amava.

De quando eu, pequenina, era levada ao seu colo macio,

fazendo-me sentir segura.

Da boneca de louça que me deu, exatamente do meu tamanho,

com pernas e braços que se articulavam. Isso, nos anos 50...

Lembro-me ainda de todo amor e carinho

que me devotava minha querida madrinha Luiza.

E das roupas, que para mim costurava,

com tamanha perfeição e elegância.

E do hall, muito encerrado, de sua casa onde, certa vez,

eu e uma das primas, rodando corrupio, soltamos uma das mãos,

quebrando seu vaso de planta... e a cabeça de minha prima!

Lembro-me ainda da meiguice de minha avó Mariana

e de suas habilidosas mãos para cozinhar e fazer crochê.

Lembro-me ainda de meu avô André, autodidata e mãos de artista,

sempre trabalhando com madeira, no cantinho que preparou para isso.

Ou, à noite, quando se sentava próximo ao rádio,

para ouvir e aprender sobre o que se referia a Deus.

Lembro-me ainda que meu tio Olavo dele herdou esse dom,

de fazer, em madeira, belos e caprichosos trabalhos.

E suas treliças? Ele mesmo as fazia e eu amava! Queria tudo em treliças!

Lembro-me ainda do quanto trabalhava o meu avô Bessa,

como se só soubesse fazer isso...

Mas era uma pessoa muito especial!

Lembro-me ainda de minha avó Albertina, com seus remédios da homeopatia,

e do jeito como me dizia: “Chegou minha neta preferida!”

Lembro-me ainda dos tios Oscar e Nair, ajoelhados,

rezando o rosário, todas as noites.

Da forma como sempre me incluíam junto aos filhos

e com o mesmo amor me tratavam.

Depois de adulta, ainda comigo se preocupavam.

Lembro-me de nossas conversas, sobre religião, política e remédios homeopatas,

e, quando vinham ao Rio, a tia fazia questão de me trazer

o doce de figo que só ela sabia fazer!

Lembro-me ainda de quão inteligente e “teimoso”

era o meu primo Expedito.

Lembro-me ainda de como era doce minha prima Angela

e de como seu rosto se iluminava com o seu sorriso.

Mas isso tudo podia se inverter, se “lhe pisassem os calos”...

Lembro-me ainda do Denis, de como me amava

e de quando, taxiando na pista,

colocou a cabeça para fora do “cockpit” do avião,

só para me acenar, dando adeus!

Lembro-me ainda da colega de magistério, Lucia,

assassinada por seu ex-noivo, na porta da Escola onde trabalhávamos,

antes de 7h da manhã, horário de entrada do 1º turno.

Bela moça, tão confiante, jamais acreditou que isso pudesse acontecer.

Lembro-me ainda, e como me lembro, da atenção desmedida e

por mim recebida de minha amiga Vera Lúcia Pimentel!

Foi minha fiadora, por muitos anos, até que, finalmente,

comprei este meu apartamento!

E de como apareceu, rapidamente no hospital,

com o marido e filho médico, assim que eu lhe telefonei,

dizendo que minha filha fora internada na UTI Neonatal.

Correu para lá e comigo ficou, por bastante tempo.

Lembro-me ainda de muitos e muitos – parentes e amigos –

que se foram, deixando suas marcas em nossas vidas e,

mais ainda, em nossos corações!

Que a luz de Deus os esteja iluminando, sempre!!

3 comentários:

  1. Maria Helena Nascimento postou, no Facebook:
    Lindo texto,vc escreve lindamente.

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  2. Mãezinha, a cada post que leio no seu blog, te conheço melhor. Depois de 23 anos de convivência, já tinha ouvido algumas destas histórias. Mas certos detalhes eu não conhecia! Essa história do Denis, acenando para vc, eu não conhecia. Estou ansiosa para ver as coisas que vc quer me mostrar. São mais do que coisas de que você "se lembra ainda", são pedacinhos do passado, objetos que falam tanto quanto você, quando me conta uma história.
    Sua vida tem sido fascinante. Sei que seu passado foi cheio de perdas, de sofrimento e, até hoje, de dificuldades. Mas a vida é para isso mesmo. É na dificuldade que aprendemos e crescemos. E, depois desses 40 anos de vida (né, mamãe? Me teve cedo, hein??), eu posso dizer que você cresceu tanto, mas tanto mesmo, que está bem alta, como um gigante. E eu adoro quando consigo sentar - virtualmente - nos joelhos deste gigante carinhoso e vivido que você é, para ler sobre suas histórias, lembranças, experiências e as misturinhas que você faz com a ficção. Obrigada por dividir com seus leitores tudo isso! Um grande beijo da sua "filha preferida"! ;)

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  3. Mais uma vez, muito obrigada por seu comentário, repleto de carinho!Que bom que você gosta das histórias por mim protagonizadas! Gostei muito dessa comparação de alguém, que por ter vivido tantas experiências, se agigantou! E de saber que você gosta de se sentar nos joelhos deste gigante, justamente para ouvir suas histórias. Ainda há o que contar! Aguarde-me! Muitos beijinhos!

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