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É um prazer enorme ter alguém compartilhando do que penso e escrevo, como se estivesse, realmente, num "divan". A propósito, esta é a foto do divã usado por Freud, em seu trabalho de psicanálise. Ao deitar-se, sem se distrair com a presença visível do analista, o analisando tem uma experiência emocional diferente, concentrando-se muito mais profundamente.


Quem me seguir, me fará companhia! E é sempre bom ter alguém por perto...

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Não se discute!


Eu fui criada, ouvindo todos aqueles ditados populares e aquelas frases feitas que encerram uma lição, ou a moral de uma história e uma delas é a famosa “gosto, política e religião não se discute”. E, na minha opinião, deveria estar incluído nessa afirmativa o futebol.

Não há como discutir gosto. Já é nossa conhecida aquela frase “O que seria do verde, se todos gostassem do amarelo?” Há uma enorme variedade de cores e gosto para cada uma delas! Isso acontece com todas as demais coisas: objetos, carros, roupas, sapatos, bolsas, fragrâncias, cortes de cabelo, livros, filmes, músicas... o que vier à sua mente, haverá em grande número e, da mesma forma, uma infinidade de gostos para a escolha de cada uma dessas coisas. Pode acontecer de encontrarmos pessoas que têm o mesmo gosto mas, na maioria das vezes, os gostos se contrapõem. Daí, a impossibilidade de discutirmos a respeito. Uma escolha é feita a partir do gosto peculiar de cada um.

Política, no cenário atual, não há mesmo muito o que discutir. Estamos passando por uma fase de vergonha nacional, onde uma enorme onda de corrupção é um fato inegável. Nenhum político está preocupado em fazer o bem à população, em atender às classes menos favorecidas, com raríssimas exceções! Acho mesmo que quem é bom não se candidata! Essa que é a dura verdade! A política se transformou, é utilizada para o enriquecimento ilícito de políticos, familiares e amigos, não é feita com seriedade, se tornando cada vez mais “suja” e da qual não se tem prazer de falar a respeito. São as nossas convicções que nos levam a discutir sobre política. Quando alguém prefere um determinado regime, ou tipo de governo, ou ainda um diferente partido político, a exemplo do que acontece com o gosto, vai encontrar uma enorme diversidade de convicções. O perigo da discussão está no radicalismo. É justamente quando se radicaliza que surge o perigo de uma discussão acirrada. Por isso o rótulo de “esportes radicais” para aqueles esportes em que se lida, diretamente, com o perigo. Tudo que é exacerbado, gera um perigo iminente.

Em relação à religião, o que se tem visto é ainda pior. É o suicídio, o genocídio, são essas guerras santas como recurso extremista, onde se mata em nome de Deus, um Deus que, afinal, é único e que pregou o amor ao próximo, que nos ensinou a dar a outra face e a perdoar o irmão setenta vezes sete. Eu não creio que Ele queira que se matem uns aos outros porque não se converteram a uma, ou outra religião. Mas é o fanatismo que acaba com a sensatez, com a imparcialidade e com a visão isenta. Eu não estou julgando; trata-se apenas de raciocínio lógico!

O Brasil que é tido como o país do futebol, cinco vezes Campeão Mundial, está cheio de torcedores inflamados e entende-se que é muito difícil para quem nasceu aqui não torcer para um dos clubes de seu Estado, ou de sua cidade. Mas eu volto a lembrar que tudo tem que ser feito sem o radicalismo, sem o fanatismo, sem o exagero. Eu torço, eu tenho o meu clube do coração que me foi passado como herança, pelos meus antepassados, eu fico feliz por demais quando ele ganha um campeonato, seja de futebol, seja de remo, seja do que for, mas não caio em depressão, nem saio “xingando” todo mundo se ele perde um jogo, ou mesmo não se sagra campeão. Quando ele está fora de um campeonato, eu tenho outros times com os quais simpatizo e a chance de torcer por um deles, vendo esse outro clube “fazer bonito”, como se costuma dizer. Estarei satisfeita, junto com seus torcedores! Temos que nos lembrar de que os jogadores são seres humanos como nós e que há dias em que não estão se sentindo bem, em que estão indispostos. Temos, sobretudo, que respeitá-los como seres humanos que são. É assim que eu penso. Precisam estar em boa forma física, ter disposição, velocidade, criatividade, capacidade de decisão, agilidade, concentração, iniciativa, mais que tudo, precisam ter senso de equipe, atenção a detalhes e muita habilidade com os pés e a cabeça. Na realidade, eu diria que eles precisam de grande habilidade e mobilidade com todo o corpo, para se esquivarem de outros jogadores que fazem falta, machucando-os e bastante. Cada um deles tem que correr, ainda que o outro lhe segure a camisa, ou coloque seus pés na frente para que caia. Além do adversário, tem que encarar a arbitragem que, se avaliarmos bem, está precisando de um bom curso de atualização. Acho que deveria ser dessa forma: não apitou direito o jogo, deixou passar faltas, algumas bem graves, deixou de marcar gols válidos ou, ao contrário, aceitou gols frutos de faltas sobre o jogador adversário é hora de ser afastado e obrigado a se atualizar, passando por uma nova seleção, ao final. Encarar o adversário, a arbitragem, o gramado, as condições climáticas, a torcida adversária e ser apenas um ser humano, como qualquer um de nós, é muita coisa. A torcida é obrigada a entender isso e não ficar cobrando, exigindo, até porque essa não é a sua função, devendo sim incentivá-los, compreendê-los, apoiá-los sempre que necessário. É esse o papel de uma torcida de verdade! O nome já está dizendo: torcida. Não devem recriminar, vaiar e, muito menos, dirigir-lhes palavras de baixo calão. A torcida deve fazer o que sabe. Aquela festa linda, comparecendo em massa ao estádio, portando suas bandeiras imensas e coloridas, seus instrumentos, cantando suas inúmeras canções e, com isso, motivando o seu clube! E, num país onde o futebol tem a importância que tem aqui, torna-se mais necessário ainda que não haja fanatismos, radicalismos, para que se possa evitar as discussões. Todos têm o clube de sua preferência, mas não há necessidade de ofender o amigo só porque ele torce por outro clube. Assim como temos liberdade para escolhermos a nossa religião, ou um determinado partido político, ou ainda a marca do nosso carro, assim também temos o direito de torcer pelo clube da nossa escolha, sem se ver, de repente, se indispondo com algum parente, ou amigo. Daí o ditado, “gosto, política e religião não se discute”, e eu diria, com toda certeza, “gosto, política, religião e futebol não se discute”!

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