Come in! You may stay with me!

É um prazer enorme ter alguém compartilhando do que penso e escrevo, como se estivesse, realmente, num "divan". A propósito, esta é a foto do divã usado por Freud, em seu trabalho de psicanálise. Ao deitar-se, sem se distrair com a presença visível do analista, o analisando tem uma experiência emocional diferente, concentrando-se muito mais profundamente.


Quem me seguir, me fará companhia! E é sempre bom ter alguém por perto...

Obrigada! Venha sempre que quiser. Ainda estou começando...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Presente da Vida


A vida costuma nos dar maravilhosos presentes dos quais, nem sempre, naquele devido momento, nos damos conta. Com o passar do tempo, ao relembrarmos certos fatos, aí então percebemos que o que vivemos foi um presente da vida.

No finalzinho de 2007, conheci um jovem norueguês, pela Internet. Ele estava aqui no Rio, num estágio, para ser posteriormente promovido, na Companhia onde trabalhava. Durante todo o mês de janeiro, passávamos parte de nossas noites, num agradabilíssimo chat. Falávamos muito de nós mesmos, um para o outro, e foi nascendo uma amizade diferente, pois era muito forte para o pouco que nos conhecíamos. Cheguei a pensar que ele poderia ser a reencarnação de um bebê que perdi, quando eu era bem jovem. Ele, de sua parte, confessava não ter conhecido jamais a ternura de sua mãe. Só o seu orgulho em tê-lo como filho. Os dias foram passando e sempre conversávamos muito, com exceção dos finais de semana, quando ele viajava para algum lugar, como Angra, para velejar. Assim mesmo, ele chegava a me ligar e a me contar o quanto estava aproveitando a viagem. Ainda em janeiro, ele começou a insistir para que nos conhecêssemos, pessoalmente, uma vez que nos considerávamos amigos. Ele era muito disciplinado. Tinha horário para se deitar, para se levantar, para a prática de natação e, aos poucos para outros esportes que foram ingressando em sua agenda. Eu, que não sou desse jeito, principalmente já aposentada, eu o admirava muito. Era dedicado ao trabalho e estudava Português. Ah, sim! Esqueci-me de contar que nos entendíamos em Inglês. Ele havia estudado em Londres e falava um excelente Inglês. Melhor do que o que escrevia. Eu me sentia amedrontada e insegura, com a possibilidade de encontrá-lo, sem saber como iríamos reagir e tudo mais. Acabei cedendo e, na segunda quinzena do mês, marcamos um jantar, num restaurante do Shopping Leblon. Cheguei mais cedo, já que eu não vinha do trabalho, e o medo fez com que eu lhe enviasse um SMS, desistindo do jantar, ao que ele retrucou que já estava chegando e que não me perdoaria se eu me fosse. Fiquei! Conhecíamo-nos por fotos. Estava eu no hall em frente aos cinemas, quando, olhando para a escada rolante, vi aquele rosto conhecido, num corpo alto e vigoroso. Usava um par de óculos de armação clara e lentes retangulares, também claras. Tinha as mangas da camisa enroladas e um porte firme e decidido. Eu queria sumir dali! Ele se aproximou, trocamos beijinhos como bons amigos e nos dirigimos ao restaurante. Eu estava tão nervosa que, num branco total, não conseguia articular uma só palavra em Inglês. Precisei chamar um garçon que falasse a língua para atendê-lo. Depois de um pouco de vinho, comecei a me acalmar e a recuperar o vocabulário necessário para me fazer entender. Pedi algo com salada, mas ele escolheu carne vermelha. Ele gostava muito de se alimentar de proteínas. Considerava o melhor tipo de alimento. Dispensamos a sobremesa e saímos. Convidou-me a dar um passeio ao ar livre e eu, ainda receosa, aleguei que tinha medo de andar à noite, pelas ruas, a pé. Delicadamente, como sempre era para colocar uma, ou outra palavra, perguntou-me se eu me sentiria ofendida se me convidasse a conhecer o lugar onde morava. Pensando somente em sua privacidade, venho ocultando alguns detalhes que poderiam identificá-lo, nessa narrativa. Tolamente, imaginei que num espaço assim, eu me sentiria melhor e mais confiante. E aceitei o convite. Fomos os dois, cada um em seu carro, e eu o acompanhava. Pude estacionar em sua garagem. Subimos e ele me mostrou o espaço onde vivia e que, até agora, me lembro com detalhes. Perguntou-me se eu queria beber algo e eu pedi somente água, por causa do vinho. Eu não sentia que éramos os mesmos que, quase como mãe e filho, viviam trocando palavras afetivas e sempre alegres por estarmos conversando. Serviu-me a água, abriu a geladeira para guardar a garrafa e, ao girar de volta, estávamos muito próximos um do outro. Ah! Era isso o que eu temia. Eu podia ouvir sua respiração e ver seu tórax movimentando-se. Quando dei por mim, já era tarde para decidir alguma coisa. Estávamos nos beijando e o toque de seu corpo era algo inesquecível. É... Aconteceu! Saí de lá, como se estivesse pisando nas nuvens e minha auto-estima poderia ser vista lá no céu, junto a uma estrelinha!! Eu estava muito feliz!!

Bem, eu vou resumir o que se passou daí por diante. Num primeiro momento, ele se sentiu muito mal, pois afinal, segundo ele, poderia ser meu filho e achou que não deveria ter deixado que aquilo acontecesse. Enquanto lhe dava tempo, “curtia” minha felicidade, fosse ela adiante, ou não. Alguns dias depois, treze dias para ser exata, ele me ligou e confessou que teríamos que encontrar um jeito de nos vermos outras vezes, porque ele não esperava que acabasse o que o agradou tanto. Sobre o fato d’eu poder ser sua mãe, ele já se convencera de que eu poderia, mas não era. E na noite deste mesmo dia, tornamos a nos encontrar.

Durante aquele ano, 2008, até lá pelo final, quando se foi de volta ao seu país de origem, nos encontramos algumas vezes. Na realidade, houve uma troca muito brusca do que tínhamos, em relação ao que passamos a ter. Ambos os tipos de relacionamento foram muito agradáveis, somaram demais para mim e ele se tornou alguém inesquecível para sempre! Até o início deste ano, ainda trocamos alguns e-mails nas festas, conversamos no chat, às vezes relembramos os momentos que mais nos marcaram... mas ele acabou se decidindo por terminarmos o que tínhamos trazido até ali. Eu estava certa de que, um dia, isso iria acontecer. Acredito que esteja vivendo um sério relacionamento e agora terá o que já tive. Irá constituir uma família e ser muito feliz, como eu desejo que ele seja!

Decididamente, este foi um grande presente que a vida me deu !!

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